Por uma Educação que Reencante o Ser

No aclamado e sempre mais do que atual Clipe “Another Brick in The All” ou traduzindo “Só mais um Tijolo no Muro” da eterna banda Pink Floyd, temos uma contundente critica ao paradigma atual de educação e também não porquê da ciência, já que é na escola em que somos conduzidos e condicionados a uma única forma de pensamento e raciocínio lógico matemático. Uma espécie de pensamento que para as crianças inicialmente parece distante e artificial, daquele seu pensamento criativo e mágico, que consegue conectar-se com tudo o que experiência no mundo e lhe encanta. Toca o refrão “Nós não precisamos de Educação”, é verdade não precisamos de uma Educação que nos aprisione tal como uma Industria, uma linha de montagem, uma educação em que não há espaço para a criação. Como diz Freire em sua critica a concepção bancária de ensino, consiste apenas em realizar depósitos, como o banco abrimos uma conta, uma poupança do qual o educando por ser uma tabua rasa, vai armazenando e contendo todas as informações, daqueles que supostamente se julgam sábios sobre aqueles que julgam nada saberem. A tônica atual de educação é narrar, apenas narrar, e o bom educando será aquele que passivamente aceitar tal natureza, e como correntista é convidado a efetuar saques e resgates em certas ocasiões especiais, como os famigerados “exames” sob aquilo que foi capaz de poupar, ou “decorar”, já que assimilar é uma outra conversa. Freire dizia que devemos aprender primeiro a ler a nossa própria palavra, que imitar a palavra Divina e Criadora, a palavra que liberta. É papel do Educador dividir o “logos” o conhecimento com os Educandos, de saber que todos somos “seres inacabados” aprendemos por toda a vida, desde que a ciência nasceu e separou o Sujeito do Objeto, não só conhecimento humano tornou-se fragmentado, mas parte de nossa essência também foi divida, extirpada de nossos corações. Faz-se necessário que um novo paradigma apareça na Educação, uma nova Paidéia Grega, que simbolizava na Antiga Grécia uma educação para a totalidade, a globalidade e ainda o mais importante, uma educação para valores humanos, para as verdadeiras virtudes. Quem Somos Nós ? ou O que Fizeram de Nós ? Com a hiper-especialização das ciências, houve sem duvida incontáveis e inúmeras evoluções tecnológicas que trouxeram grande conforto ao homem moderno, mas e quanto à esperança, a sacralidade da vida, o humanismo e a capacidade de encartar-se e reencartar-se com o mundo, aonde foram parar com tal evolução tecnológica ? Segundo algumas pesquisas americanas, atingimos o nosso ápice de felicidade por volta dos anos 50, findo pós Segunda Guerra Mundial com a vitória dos aliados, e a grande explosão demográfica com os baby-boomers, desde então segundo pesquisas, o índice de satisfação e felicidades vêm decaindo como nunca a cada ano desde então. Como forma de escapar de tal estado e fazer a maquina capitalista continuar a girar, somos incentivados a consumir, aplacando a angustia de se viver uma vida não vivida, de um Ser partido aos mil pedaços. Somente com a Educação é que tal estado de coisas pode ser reparado novamente, que os fragmentos de nosso Ser possam ser mais uma vez unidos. Precisamos não de uma Educação que consista apenas em narrar e transmitir informações, nomes, números e datas, mas de uma Educação e Ciência que “Transcenda” a um novo patamar, a um novo “Paradigma” uma Ciência com e para a Consciência e uma Pedagogia, uma Filosofia que adote o prefixo “Trans” em sua prática, o Holos a Totalidade, cujo prefixo “Trans” é nos situar entre alguma coisa e ao mesmo tempo ultrapassamos para além das fronteiras. Faz-se mister uma prática Transdsciplinar capaz de reunificar as disciplinas que foram separadas e ainda mais divididas com as Hiper-especializações na Ciência Contemporânea. Uma Transpedagogia não trabalha apenas o intelecto ou “Razão”, mas o Ser Integral, que inclui a “Emoção”, o sentimento por de trás do Objeto estudado, a “Intuição” a capacidade criativa e imaginativa, uma forma de captar uma realidade mais sutil por detrás do Objeto, e ainda a “Sensação” como sentimos o Objeto em nosso corpo, que sensações que ele desperta e provoca em Nós. A alienação por detrás da Educação Bancária e de uma Ciência Mecanicista, afasta de nós a Humanidade, gerando apenas mais revolta e violência na Escola, e depois na Sociedade que é reflexa da Educação que transmite aos seus Jovens. O Mestre antes de tudo deve se fazer Aprendiz, deve propiciar o resgate do Sagrado na Educação, não de uma religião ou tradição especifica, mas de uma educação que também contemple a dimensão da espiritualidade, que independe de crenças e intermediários, uma Educação que seja capaz como a Ordem dos Terapeutas de Alexandria, relembrar de que todo Educador é também um Terapeuta e Curador de Almas. A verdadeira Educação não Ensina, ela Transforma, Transmuta tal como um minério sem valor, como o chumbo em ouro, a verdadeira Educação é uma Alquimia, que descobre a “Pedra Filosofal” existente em cada um de Nós. Tal como Michelangelo ao olhar para o mármore ainda bruto, não via nada mais do que uma bela escultura... como um Davi a Ser finamente delineado por suas mãos, a tirar todos os excessos a fim de que sua verdadeira forma resplandecesse. Somente assim é que se poderá resolver a Agonia Planetária e criarmos uma Nova Sociedade de Paz e Solidariedade.

Citando uma bonita passagem do filósofo libanês Khalil Gibran, mundialmente famoso por sua obra chamada “O Profeta” transcreve abaixo algo que se resume por si só. Tudo aquilo que possa ser escrito ou visto, que possa servir de guia para uma Transpedagogia interessada em desenvolver valores humanos e resgatar o Sagrado da Vida existente em cada um de Nós.

Namastê !

“Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos da nostalgia da vida por si mesma.

Eles vêm por meio de vós, mas não de vós, e, apesar de estarem convosco, não vos pertencem.

Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não as vossas idéias, pois eles possuem as suas próprias.

Podeis abrigar os seus corpos, mas não suas almas, pois as suas almas habitam nas mansões do amanhã que nem vossos sonhos podereis atingir...”

Kalil Gibran

Comentários

  1. Boa noite!Obrigado por colocar Omeu blog em sua lista! Falando em educação também concordo!Precisamos de uma educação do ser... chega do ter, ela apenas desumaniza o ser humano!
    www.blogfilosofiaevida.com

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  2. Olá Prof. Francisco

    Sim é verdade... a educação atual está muito ligada ao Ter... com a desculpa de que a partir do Ter é que se poderá Ser Alguém !!!

    Mas todos nós já somos alguém, quando chegamos a escola... mas a escola parece não saber disso... ou ignorar tal fato...

    Sacrficando o Ser o Sujeito... a fim de que o Ter o Objeto... não possa ser influenciado por este... mantendo-o condicionado e dominado a apenas um modo unilateral de ver e conhecer o mundo...

    Como a alegoria da caverna, temos uma educação para sombras e não ideias...

    É um przer recebe-lo por aqui !!!

    Namastê !

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