Estranho no Ninho

Todos conhecem o popular conto infantil do "Patinho Feio" que ao nascer era diferentes de seus irmãos e familiares, tornando-se motivo de chacotas e humilhações, até tornar-se um "Cisne", que era o sonho secreto de todo "Pato".
Cultura, Religiões, Etnias e Povos, formam um verdadeiro caldeirão que por muitas vezes entram em ebulição, banindo ou afastando tudo aquilo que é diferente. Quantos crimes, quantas guerras ou violência são cometidas em nome das diferenças ? Pensamos em demasia nas diferenças, ante a encontrarmos primeiro as semelhanças que nos une, tornando a todos uma família e por assim dizer irmãos. O que é necessário para apaziguar a tendência de culparmos o "diferente", como o responsável, o "bode expiatório" por nossas mazelas humanas. Alguns se sentem como "patinhos feios", "ET´s" ou "Estranhos no Ninho" verdadeiros "párias ou excluidos" numa Sociedade que em discurso se diz tolerante, mas que na prática a realidade é outra, conforme os ultimos recentes noticiários. Vivemos e convivemos sobre diversas tribos, não mais as "indígenas", mas tribos “urbanas”, todos temos a necessidade de buscar apoio, sustentação e amizade, em algum tipo de grupo. A Sociedade começou assim, com os primeiros povos ditos coletores e caçadores, que se agrupavam, a fim de abaterem animais maiores e oferecerem proteção mutua, contra possíveis invasores de outras tribos. Ao longo do tempo, foram deixando a caça e coleta de lado, para organizarem-se em agrupamentos de terras, onde começaram a fixar-se, desenvolvendo a agricultura e pecuária. Até chegarmos aqui, hoje na Era Pós-Moderna, a tão alardeada Era da Informação, que não diferentemente de outras eras, muito prometeu ao homem, em níveis de prazer e felicidade. Talvez certamente, esta seja uma das maiores eras do “prazer” hedonista e utilitarista, pode ser que nunca sentimos tão grande prazer como agora. Porém eu me pergunto se seremos “verdadeiramente” felizes ? Bem talvez "felicidade" seja um conceito subjetivo e abstrato, que possa variar de pessoa a pessoa. Para alguns a felicidade está associada ao "Ter" e outros ao "Ser", e noutros na anulação de ambas as polatidades, já que para Filosofias Orientais, tudo é "impermanente", mesmo a felicidade. E como entra a questão das diferenças, todos enunciam que vivemos um momento ímpar de nossa Civilização, que atingimos o ápice que determinará para os futuros séculos, se resisitirmos a nós mesmos, se adentraremos em uma nova “Idade das Trevas” ou uma “Idade de Ouro”. Vivemos em uma Sociedade dita Global, ao menos é o que se fala, porém o que vemos é que tal Globalidade ocorrem conforme a conveniência de quem dita tal Globalidade, sendo ora Global quando se está por cima e ora Territorial quando se está por baixo. Proporcionando a reflexão de que tal Globalização não existe, e talvez nunca exista. Instituiu-se um padrão de aculturamento na Sociedade, despreza-se a língua e cultura materna, e reverencia-se a cultura estrangeira, esquecendo ou envergonhando-se da sua própria, fazendo-o acreditar de que é inferior. Não se trata de uma Xenofobia, tipo Nós contra Eles e Eles contra Nós, mas de resgatarmos a verdadeira Essência do Ser, o intercâmbio cultural sem duvida alguma é enriquecedor, mas o que assistimos é uma homogeneização, que não integra e sim desintegra. Os Indígenas, por exemplo, andavam nus, ou com poucas roupas porquê viviam em um país tropical, e não sentiam culpa desta natureza ou estado de Ser, até chegarem os exploradores do “Velho Mundo” e mudarem todas as coisas, não tolerando e (en)cobrindo todas as diferenças que encontravam, entre outras coisas desnecessárias de serem ditas, que tais povos sofreram por serem diferentes e por isso considerados inferiores. Os Homens, por exemplo, em uma terra quente como o nosso País, precisam usar Terno e Gravata em pleno verão, um traje que fora desenvolvido na Europa, compostos por Países essencialmente frios por natureza. Mulheres precisam usar saltos altos de bicos finos, que trazem inumeros problemas ortopédicos para os pés. Vivemos em uma Sociedade Normótica como diria Pierre Weil, Psicólogo Transpessoal Francês radicado no Brasil. A Normose é um termo que designa a "Normalidade Patológica", a idéia de que para sermos aceitos nesta Sociedade, temos que agir todos de maneira igual, o que provoca dor e sofrimento (sugiro que leiam os Posts "Escravos da Estética e Mentes Aprisionadas" publicados em Agosto de 2009, para quem desejar aprofundar-se mais sobre este assunto). Vivemos numa Sociedade que banaliza a “normalidade” e bane as diferenças saudáveis entre as pessoas, rotulando-as quando for o caso, estigmatizando-as e isolando-as, tal como as agressões de bulling (violência, humilhação, agressão e perseguições físicas e psicológicas) nas escolas. Quando poderíamos ao contrário, agregar as diferenças que são enriquecedoras para a cultura e fortalecedoras na formação do caráter de seus cidadãos. Não é banindo as diferenças que encontraremos a formação de uma Sociedade perfeita, ou atingiremos a Paz, e a história já está repleta de casos assim como a "eugenia e o holocausto". Alguns podem falar em "Tolerância ou Aceitação", bem eu não gosto destas palavras, pois sua semântica soa a uma atitude, do tipo “não gosto... mas vou tentar conviver” ou sou "forçado a conviver" o que sempre gera certa tensão no ar, que pode explodir ou pegar fogo na menor das fagulhas. Prefiro a palavra “diversidade e multiplicidade” num contexto de "agregar valores", aprendemos também com as diferenças. Somos atraídos obviamente por nossos "semelhantes", mas mesmo nas "diferenças", sejam estas quais forem, seremos capazes se assim desejarmos, de encontrarmos as "semelhanças". Quem não se recorda de não ter gostado de primeiro momento de alguém, sem tê-lo conhecido melhor, em maior profundidade ou intimidade, mudando de opinião posteriomente. Não acredito na “igualdade” e não quero dizer com isso, de que esforços por “Direitos Humanos” sejam desnecessários, mas sem duvida, qualquer tipo de política governamental ou não, que tente equiparar e equalizar seus cidadãos, é perigosa e perniciosa, de resvalarmos em Governos Autoritários, Tirânicos e Totalitaristas. “Ser Diferente”, não importa como, é uma experiência de grande riqueza a ser conservada, e não destruída ou desvalorizada. Pessoas são diferentes umas das outras, e têm opiniões, aptidões e interesses também diferentes. Somente "apredendo e educado" a lidar com a "diversidade e multiplicidade" é que se poderá respeitar o outro em sua "inteireza", proclamando uma "Cultura de Valor a Vida e a Paz".

“A democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si.” Aristóteles

Namastê !

Comentários

  1. É verdade Rodrigo..pena que as pessoas só vejam as diferenças que as separam. Se as olhassem com mais amor, enxergariam principalmente o que há de mais comum entre elas...e metade dos problemas do mundo seriam resolvidos...
    abraços...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Profundo!
    Igualdade só nos direitos e na distribuição da renda. Mas quer saber? Creio que esse dia nunca virá, para muitas nações e culturas. Entretanto, não devemos deixar de lutar por essas coisas.

    Namastê!!!

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  4. Olá Hosana...

    Sim é verdade... existe muitas semelhanças... porém preferimos enxergar as diferenças... diferenças que nos afastam... ao fianl pertecencemos todas a uma grande familia... chamada humanidade... que aliás soa a unidade... qdo pronunciada !!!

    Namastê !

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  5. Olá Austri...

    É justamente por isso que o Socialismo fracassou... enquanto Filosofia é lindo... mas na prática mostrou-se tão danoso quanto o capitalismo... penso que o problema não era o sistema criado... mas as pessoas que o comandaram e o impuseram a força... e a custo de muitas vidas depois para sustentar o regime comunista...

    Como sempre o problema não são os sistemas, tradições e filosofias criadas... e sim a ambição desenfreada do homem por poder... que corrompe e destroi quando não bem utilizado...

    Namastê !

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