O Despertar do SER

Para o Filosofo Grego Platão, vivemos em dois mundos, um perfeito e sede da alma imortal, chamado de o Mundo das Idéias e um outro imperfeito chamado de Mundo Sensível ou das Sombras, nome este que designava o mundo da matéria, que seria apenas uma cópia, apenas uma Sombra do mundo perfeito ou ideal. Platão foi o criador da Metafísica, e muitas religiões se baseiam em seu pensamento para diferenciar o Divino do mundano, e mesmo como base de explicação de onde viemos e para onde vamos após a morte. Todas as coisas que existem no mundo das sombras, seriam apenas cópias imperfeitas do mundo das idéias, e o propósito da filosofia seria o de acessarmos através da razão e desenvolvimento das virtudes o mundo perfeito das idéias. Para Platão ao dizermos que alguém foi iluminado, obteve um insigth, uma nova idéia ou reflexão, estaríamos dizendo que tal pessoa teria entrado em contato com o mundo perfeito das idéias, de onde tudo o que conhecemos ou criamos pertence originalmente. Portanto ao nos referirmos a uma ideologia, ou pessoa idealista estaríamos na verdade nos referindo ao pensamento platônico da verdade para além das formas, uma verdade que só pode ser compreendida enquanto uma idéia, tal como uma intuição, um sentimento que transcede os sentidos habituais. Para exemplificar o seu pensamento, criou a Alegoria da Caverna, que narrava a vida dos habitantes de uma caverna acostumados desde o nascimento a tomarem por realidade as sombras projetadas pelo fogo na parede, o qual os homens por estarem acorrentados, não eram capazes de ver a verdadeira forma por trás de tais projeções. É somente quando um homem ao se libertar dos grilhões que o prendiam (ignorância) subindo a superfície, pode constatar os verdadeiros objetos responsáveis por tais projeções que assistiam, e ainda conferir um outro mundo de grande luz natural, que continha todas as formas sombrias da caverna, só que mais perfeitas (conhecimento e razão). O filme Matrix ilustra muito bem tal alegoria, ao recriar para os tempos ditos “modernos” o mesmo tema da antiguidade clássica, ao dizer que a realidade que víamos não era a verdadeira realidade, mas uma realidade projetada a partir de nossas lembranças do mundo antes de sermos dominados e subjugados pelas máquinas, que agora dominam a terra, e mantém humanos em um estado de torpor “adormecidos” em uma plena inconsciência (ignorância), impedido-os que acordem e possam se rebelar uma vez mais como no passado antes de serem escravizados e utilizados como baterias, que alimentavam e geravam energia para as máquinas, depois que a terra fora devastada, e uma penumbra acizentada, provavelmente ocasionada de um holocausto nuclear, que impediam que os raios solares, adentrassem a atmosfera terrestre. Mas ocorre que algumas pessoas acordam(conhecimento e razão) deste estado de sono e vêem que tudo o que viveram e conheciam não era verdadeiro ou totalmente verdadeiro, já que se nos basearmos em nossos sentidos tal realidade (paradigma holográfico) era tão perfeita quanto a outra realidade que agora percebiam, tal como um mundo onirico, de sonhos. Porém o mundo real onde as máquinas se fazem presentes fisicamente, poderia ser destruída pelos humanos que fossem capazes de saírem da Matrix, oferecendo um risco iminente para esta Sociedade Totalitária, imposta pela Máquinas, portanto eram caçados e eliminados tal como ocorrido durante a Idade Média e Inquisições. Porém nem todos os humanos desejavam despertar de sua ignorância, por se verem mais felizes enquanto se encontravam “alienados”, pois tomar consciência representaria ter de fazer escolhas, o que nem todos os habitantantes da matrix desejavam ou estavam preparados, e que diferentemente do mundo sedutor e “luminoso” da Matrix, o mundo real ao contrário da Alegoria da Caverna, estava devastado e “sombrio”. Talvez se trate de uma metáfora que nos relembre em tempos atuais que Ser “ignorante” de si mesmo é melhor do que obter “conhecimento e sabedoria”, já que supostamente quanto mais se sabe, menos liberdade se sente possuir, o que implicaria em não atender a todos os desejos ou pulsões, e sem liberdade seriamos infelizes. Mas será que Ser verdadeiramente livre é atender a todas as pulsões e desejos, tal como meramente "animais" que sem "razão", seguem apenas a seus intitintos? Sempre ouço pessoas dizerem que eram felizes enquanto crianças por não terem “responsabilidades” ou por não precisarem fazer escolhas, pode haver uma certa verdade em tal afirmação, principalmete quando nos encontrávamos no utero materno com todas as nossas necessidades satisfeitas em tal paraiso perfeito. Mas será mesmo que não fazer escolhas é ser mais feliz? O que sei é que mesmo quando não fazemos escolhas, já estamos decidindo em não escolher coisa alguma e ainda pior, tal como a Matrix teremos alguém nos dizendo o que devemos pensar, sentir, ouvir e ver! Matrix é sem dúvida o Mito da Era Pós Moderna, com todos os Arquétipos que lhe são inerentes, há muitas leituras e interpretações possíveis, e dificilmente o tema se esgotará, pois Matrix mais do que qualquer outro mito, fala de nossa aventura, de nossa jornada rumo ao auto-descobrimento, um mito moderno de nossa Sociedade, e desafios de uma época em que grande parte da população mundial tem acesso a informação (desconexa), mas está alienada do conhecimento (fragmentado) por trás de tais informações e mesmo da utilidade do que fazer com tantas informações. Onde está o conhecimento que perdemos com a informação? Onde está a sabedoria que perdemos com o conhecimento? Será mesmo que não vivemos em uma Matrix que nos diz todos os dias através de seus inúmeros canais e mídias globais de comunicação, o que devemos consumir para sermos felizes, objetos que temos de possuir para sermos felizes, o que temos de "ser ou nos tornar" para sermos felizes e ainda mesmo nossos corpos são invadidos ao dizer a “forma fisica” que devemos apresentar (padrões de beleza). O Filosofo Romano Sêneca já dizia em seu tempo acerca de 500 anos atrás, que o prazer mundano desvanecia-se ao alcançar o ponto mais elevado, justamente por possuir um espaço limitado, que ocupa-se rapidamente, causando grande aborrecimento e murchando após o seu primeiro impulso. Assim estamos nós, enredados e presos (na caverna) a um ciclo de desejos não satisfeitos, que mesmo quando satisfeitos, já pensamos em um outro ainda maior que o anterior, adentrando há um eterno ciclo de repetição e insatisfação com a vida e consigo mesmo. Então eu me pergunto, se como dizem alguns a ignorância será mesmo uma benção? Penso que não, mas esta é a minha opinião e não a única verdade existente!!! Mas por vias das dúvidas deixo aqui a mesma pergunta para que cada um possa responder por si mesmo!!!
Será mesmo o Ignorante de si e do mundo mais feliz, que o Sábio que não ignora a sua dor e a do mundo ???

“A vida feliz é o resultado de um espírito livre, elevado, impávido e constante; acima de qualquer temor ou paixão; para o qual, o único bem é a honestidade e o único mal é a torpeza”. Sêneca

Namastê !


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