Fábula Mito do Cuidado

Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma ideia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contenplava o que havia feito apareceu Júpiter.

Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.

Quando, porém, Cuidado discutiam, surgiu de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome a criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da Terra. Originou-se então uma discussão generalisada.

De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:

Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois de volta este espírito por ocasião da morte desta criatura.

Você, Terra deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer.

Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver.

E uma vez entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil.


(Fonte: Leonardo Boff - Saber Cuidar).


Pensamentos e Reflexões

A partir da fabula mito do cuidado, somos capazes de construir um pensamento que nos liga diretamente ao proposito maior, de uma Psicologia Transpessoal na Educação ou Transpedagogia, que é a Educação em Valores Humanos. A ideia de um cuidado essencial com o Ser Humano, que por ventura se reflete na Terra, é o que se espera da transmisão de valores humanos. O mito em questão nos serve duas vezes um em sua expressão que nos recorda da conexão com o Planeta, com a Terra, do microcosmos existente dentro de cada um, reflexo de uma totalidade maior expressa no macrocosmos. Em segundo o mito nos serve até como ferramenta transpedagógica, uma vez que suscita em nós, e em que lê, refletir acerca da necessidade de cuidarmos do Ser Humano, de tranformar o Cuidado recebido, no Cuidado para com os outros seres e para com a própria Terra que lhe serve de lar.

Temos assistido há inumeros atos de vandalismo, sofrimento, destruição e também degradação seja das relações humanas, seja do meio ambiente que já reflete a falta de Cuidado, com as mudanças climáticas sentidas em todo o globo, com frio e calor recordes por todo o mundo, com a extinção de diversas espécies, com suas chuvas torrenciais, ventanias, terremetos e maremotos.

Tanto o Humano, quanto a Terra clamam pelo Cuidado essencial, capaz de mudar esta triste figura que se forma neste século da pós-modernidade. A Transpedagogia, melhor que ninguém representa a figura mitica do Cuidado, capaz de manter sob seus cuidados o Humano, que se educado, pode Cuidar da Terra, que vive e habita.

A Transpedagogia, prima por técnicas que visam reencantar o aprendizado, experienciar através do R.E.I.S. Ou Razão, Emoção, Intuição e Emoção integrados, e não em separados como uma suposta ciência fragmentada e mecanicista, faz-se supor sê-lo correto, quando retira do Objeto do Conhecimento, o Sujeito que lhe conhece e significa. A nulidade de um Sujeito na pesquisa é mutilar usando só de razão, o verdadeiro objeto do conhecimento, que passa pelas outras funções psiquicas, já citadas.

Assim o seu método, visa criar conexões, ela não separa, não fragmenta o saber, em especialidades cada vez menores de conhecimento, até que se perca por completo o objeto estudado. Diferentemente, a sua postura transdiciplinar, sob criticas de utópica, mas sem incomodar-se, por acreditar na necessidade de as ciências se comunicarem, ela vai além da interdisciplinaridade, que mantém as disciplinas separadas, tranferindo apenas muitas vezes apenas o método de estudo. O termo “Trans” que designa ir além, vai buscar ir além do conhecido, equanto Transdisciplinar vai dialogar e também pesquisar em conjunto com profissionais de diferentes ciências do conmhecimento, vai religar o saber, observando onde é possível falarmos a mesma língua, e vai também considerar enquanto postura Transpedagogica, o Sujeito que faz Ciência, ela não o anula, ao contrário ela reforça a postura do pesquisador diante do pesquisado.

Quem disse que para fazer ciência temos de ser frios, temos de estar presos há algum laboratório, temos de ser estritamente rigorosos e meticulosos com os resultados, é claro que há metodos a serem considerados, que não podem ser rejeitados, mas isto não implica uma postura em rejeitarmos o Sujeito que faz ciência, o Sujeito que conhece o objeto.

Não se pode esquecer que todo cientista, ao pesquisar sobre algo, teve uma intuição sobre o que buscava, sobre possíveis resultados, sobre como faria a sua pesquisa, não podemos desconsiderar que este mesmo cientista, no decorrer de suas pesquisas sentiu algo, e que a cada resultado emocionou-se, ou na falta destes também sentiu algo.

Todos sabemos que crianças aprendem com brincadeiras, aprendem porque se divertem, aprendem porque são curiosas, aprendem por que se mantém abertas ao novo, a mudança, as experiências. Não tem medo de errar, errar afinal é coisa de adulto, entre crianças não há erros, é como a célebre frase “não existem fracassos, apenas tentativas que ainda não deram certo” de Thomas Alva Edison, o Inventor da Lâmpada Elétrica, cuja lampada perfeita requereu não menos que outras 1000 lampadas.

Não é foco principal por parte da Transpedagogia, a transmissão de conteúdos, hoje na Era do Conhecimento, o que não falta é informação, há um excesso de informações, assim não é proposito da Transpedagogia, trazer ainda mais informações, e sim a de trabalhar as informações “pertinentes” existentes. De que adianta retórica, conhecimento, erudição, sem um propósito, sem um valor humano, que nos oriente para onde estamos indo, para onde desejamos chegar e para que Sociedade e Mundo, afinal o que desejamos construir ?

A Transpedagogia, ao reencantar o processo de ensino aprendizagem, e ainda em preocupar-se em cuidar de quem também cuida, ou seja do educador, ela vai além de outras posturas pedagógicas, que visam o ensino formal e intelectualizado, além da preoucpação em transmitir valores humanos e virtudes, como nos remete o antigo conceito de paidéia grega, uma educação cidadã, a Transpedagogia faz ainda melhor, pois estimula o próprio educando ir em busca de garimpar o próprio ouro, o educando torna-se a parte ativa de sua educação, e não um mero depositário de conteúdos, numa atitude vertical de ensino, dentro de uma concepção bancária de educação.

O Educando torna-se o verdadeiro Sujeito do Conhecimento, capaz de dizer a sua própria voz, como diria Paulo Freire ao ser capaz de imitar a própria voz divina e criadora, ao ser capaz de ler a sua própria palavra, antes de ler a palavra de outros que não as suas próprias.

O Cuidado Humano que a Transpedagogia tem para com o Educador e Educando faz dela, uma revolução de pensamento e pratica pedagógica, ao libertar o cativo aluno, e torna-lo coadjuvante da história que está a escrever e densenvolvendo valores humanos tais como: verdade, correção, amor, paz e não violência.

Pode se pensar numa prática de valores humanos nas escolas de trê modos, direto com um horário especial para a sua prática, indireto com o tema de valores humanos discutidos em outras disciplinas e paralela em oportunidades como visitas a igrejas, museus, filmes em que se pode aproveitar a ocasião para discutir-se sobre o tema de importante relevância.

Por fim do mesmo modo em que se pensa em uma ciência da... e com consciência. É preciso pensar numa Pedagogia que atrele a Consciência em sua prática, e a Transpedagogia, e suas técnicas que vão muito além da mera racionalidade, advindas das técnicas aplicadas pela Transpessoal, pode ainda indiretamente servir de trabalho terapeutico entre educadores e educandos. Do trabalho transpedagógico, é possível pensarmos num modo diferente de educação e ciência, de superarmos a fragmentação da relação Sujeito e Objeto, e repensarmos sobre o nosso posicionamento no cosmos e do mundo que desejamos construir.

Como diz Charles Chaplin:


“Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

Este é o verdadeiro espirito pelo qual a Transpedagogia luta, lembrar-nos todos os dias de nossa humanidade, que não pode ser esquecida ou sumplantada por nossa tecnologia.

Namastê !


Comentários

  1. Tirou todas a minhas dúvidas sobre a "Fábula-mito do Cuidado" é ÒTIMO !!!

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Saudações ao Herói que uniu-se a esta Jornada...

PAX & LUX !
Rodrigo Wentzcovitch Marcilio

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