Aprendiz de Feiticeiro

Como Mickey na aclamada obra cinematográfica Fantasia, gostamos de brincar de Aprendizes de Feiticeiros e já explico porquê. Desde que a ciência separou Sujeito e Objeto, e fragmentou o conhecimento em áreas cada vez menores, nos tornamos alienados do processo de conhecimento. Cada vez mais sabemos muito sobre pouco ou quase nada, com a hiperespecialização das ciências. Precisamos de uma ciência da consciência e com consciência, que respeite os valores humanos e os incentive, um retorno para uma Paidéia Grega, que prega o desenvolvimento de virtudes e um ensino para a totalidade. Vivemos uma agonia planetária, provocada por uma ciência que desprezou o sujeito e o ethos por de trás das pesquisas. Como Aprendizes que somos ainda, não temos mais do que 10.000 anos enquanto civilização, e a ciência é ainda mais jovem pois nem um milênio ainda completos possui. Acabamos por nos separar e desprezar nossas antigas tradições e raízes ancestrais. Sem dúvida houveram grandes avanços tecnológicos durante estes 10.000 anos, mas a que preço ? Onde foi parar a ética ? Um mundo mecanicista, cujas leis deterministas e infalíveis, não são mais possíveis de explicar a complexidade real da vida. Ao separarmos o Sujeito e sua subjetividade, desconsideramos a sua sensação, a sua emoção e intuição. Valorizamos apenas a razão, esta insuficiente para explicar a verdadeira natureza que nos cerca e da qual também somos formados. Gaia a Mãe Terra, também é um ser vivo, não nos padrões que estaríamos habituados a considerar como vivo, mas ainda sim é um sistema complexo e simbionte que abriga várias formas de vida, dentre elas nós humanos. E possui ainda a capacidade de auto-regular-se, como vem ocorrendo com as manifestações climáticas do aquecimento global, provocadas por nossas atitudes e escolhas. Tentamos dominar os elementos da Terra a força, a partir da espada, do metal e da guerra. Declaramos guerra ao planeta, no qual de simbiontes que éramos, passamos a um estado de vírus a ser combatido, da posição de amigo e aliado na antiguidade primeva, a inimigo na pós modernidade. Brincamos de Feiticeiros ao tentar dominar os elementos, mas o verdadeiro Feiticeiro não tenta dominar o elemento, ele e o elemento são unos, irmãos, amigos. O Feiticeiro utiliza a magia natural, ele sabe observar o ciclo da natureza e dela extrair o seu consumo sustentável. Ele sabe que seu corpo também é feito dos mesmos elementos que com respeito e tributo manipula e devolve para a Natureza. Sabe das conseqüências de tentar manipular sua magia a força, sabe que obedecendo as leis naturais e não corrompendo-as a sua magia cresce. Mas eis que chega o Homem Pós Moderno, que cheio de si, despreza o seu conhecimento ancestral, suas tradições e filosofias, e honra a um novo, limitado e artificial elemento produzido por ele mesmo, chamado por capital. Este novo Homem que emerge deseja dominar os astros, subjugar seu Pai e sua Mãe, Céu e Terra, dominar os elementos e subjugar todos os animais, considerados inferiores. Como já um dia a Ciência serviu de instrumento de domínio e desculpa para subjugar outros homens, escravizados e tratados como animais. Eis que o Novo Homem, acessa os livros dos Feitiços, mas esquece de prestar sua reverência a natureza, donde os elementos da magia são retirados, e cuja magia utilizada na condição de Aprendiz é usada em seu próprio beneficio. Contrariando aos ensinamentos e avisos do seu Mestre, que aguarda pelo momento do seu amadurecimento, em transmitir adiante seus segredos sobre a verdadeira Magia. O impaciente e imperdenido Aprendiz, em sua desenfreada busca por acumulo de poder, arrisca seus primeiros encantos, afim de resolver suas laboriosas tarefas, que servem na realidade de preparo e teste de caráter. Agora então nos encontramos aqui, neste clima descontrolado, calotas polares derretendo, níveis de água subindo em todo o mundo. O que fazer ? Só uma Educação que reencante o aprendizado e valorize o Humano, seguido por uma ciência que reunifique o saber e que reconsidere o Sujeito e o Ethos, será capaz de tornar Mestre o Aprendiz e resolver a Agonia Planetária que por hora nos encontramos engendrados.

"O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior." Albert Einstein

Namastê !



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