Escravos da Estética

Não sei se você sabe mas o conceito de belo e beleza mudam ao longo do tempo, sofrendo metamorfoses e transformações. Por muito tempo na antiguidade o conceito de beleza feminina por exemplo era o de mulheres voluptuosas que para os padrões atuais seriam consideradas acima do peso. Existem até muitas estátuas pré-históricas remetidas a Vênus, tais mulheres eram muito valorizadas e reverenciadas naquela primeva Sociedade. O padrão de beleza atual, de mulheres esguias, altas e magras advindo do mundo da moda e passarelas é bastante recente, até a Renascença o padrão feminino de beleza era o de mulheres voluptuosas, como pode se observar nos quadros de musas que inspiraram grandes pintores da era medieval. Sócrates foi um dos primeiros a discutir a questão da estética na Filosofia, que nada mais era do que a expressão do belo, cujas artes como a cerâmica, escultura e pintura tentavam retratar e que mais tarde seriam incorporadas à linguagem. Sócrates recusava-se a discutir tal questão por refutar os conceitos de belo da época e mesmo por considerar-se incapaz de julgar e explicar o belo em si. Platão amplia a questão ao considerar alguns ingredientes presentes na estética e que valorizamos ainda hoje quando nos referimos a qualquer pessoa ou objeto que consideremos belo tais como proporção, harmonia e união, o juízo de valor que Platão fazia a respeito do belo era mais abstrato e portanto idealizado, que dentro de sua teoria a respeito do mundo das idéias, a verdadeira beleza não poderia ser percebida no mundo sensível, já que esta seria uma cópia imperfeita do mundo perfeito das idéias. Portanto nesta visão a beleza apesar de apreciada, nada mais seria do que uma idéia, algo a ser contemplando e não necessariamente possuído. Já Aristóteles discípulo de Platão, vai buscar justamente o contrário, no mundo sensível e das formas a apreensão do conceito de beleza, retirando-o da idealização e concretizando-o na forma exterior. Hegel por exemplo também aborda a questão da beleza, de uma certa forma resgatando as premissas de Platão acerca de beleza como algo emanado de dentro e não de fora do individuo, praticamente como uma idéia espiritual de virtudes que possuiríamos. Porém o que vemos imperando na mídia e Sociedade são os conceitos Aristotélicos de beleza como sendo algo externo, e portanto possível de ser medido e catalogado, como se pessoas fossem marcas ou produtos a serem comercializados como escravos. A beleza quando motivada pelo externo traz sofrimento ao individuo, pois sob qual ponto de vista iremos nos referir para determinar se alguém é belo ou não ? Um cientista ou diria esteticista, afirmaria pelas simetrias do corpo e face. E o que fazer se o padrão de beleza exterior não for compatível com o esperado da Sociedade em que você se insere ? Bem não chore ! Existe hoje no mercado cosumidor muitas opções cosméticas e estéticas modernas, a fim de transformá-lo em um verdadeiro Frankenstein da beleza. Entenda que não estou fazendo uma apologia contrária à cirurgia plástica, principalmente as reparadoras, acredito que é uma escolha pessoal de cada um... Mas eu não resisto em questioná-lo(a) a respeito... Você se submeteria a uma cirurgia se estive-se satisfeito(a) com a sua aparência ? E mais quem disse que não têm uma boa aparência ? Em que momento você notou isso ? Talvez na infância quando estava formando a sua personalidade, ou mesmo na adolescência quando perdeu as formas da infância, ou talvez quando seus colegas faziam comentários depreciativos a respeito da sua imagem exterior ! Agora suponhamos por um momento, que a moda que se perpetuou por mais tempo volta-se com toda força ! E o seu tipo de beleza exterior passa-se a ser valorizada nesta nova Sociedade !!! Eu lhe pergunto novamente, você se submeteria a uma intervenção estética ? Creio que a resposta provável seria não... você não faria mais... e sabe o por quê ? Porquê o conceito de beleza é algo construído... e você foi levado(a) a acreditar de que não era belo(a) o suficiente... e aprendeu isso... tornando-se uma crença compartilhada não só por você... mas por toda as pessoas com quem você se relaciona... Por causa da estética valorizamos apenas a casca, a aparência exterior !!! Nos esquecemos de Platão e Hegel que eram amantes das virtudes humanas... E diante destas escolhas, milhares de adolescentes manifestam novas doenças “modernas” inexistentes até então, a fim de conquistarem uma aparência exterior idealizada... os casos de bulimia e anorexia nas garotas e o uso de anabolizantes e over training (excesso de treino) ou Complexo de Adônis e Vigorexia nos rapazes, que muitas vezes sofrem lesões iguais aos dos Atletas Profissionais na conquista do corpo perfeito, vem chamando a atenção dos estudiosos da área. Sou adepto de uma expressão de vaidade moderada e exercícios físicos atrelados à qualidade de vida e saúde, que trazem uma harmonização e elevação da auto-estima, e não a escravidão de uma industria que criou uma realidade distorcida da verdadeira beleza, que em minha opinião juntando coro a Platão e Hegel deve fluir de dentro para fora e não só para fora como na lógica Aristotélica... que acabou por influenciar a maioria das idéias do Positivismo e Materialismo Ciêntifico. Logo abaixo segue um clip de música, com uma critica contudente a este movimento de culto a beleza superficial. As idéias também servem ao publico masculino, portanto mulheres não se sintam ofendidas, este é o vídeo que encontrei com fins de provocar uma reflexão critica !!! Quem souber de outros clips com conteúdo politico e ou de critica social, me infome para futuras postagens...

“O belo é o esplendor da verdade” Platão

Namastê !

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