Seja Você Mesmo

Jung dizia que todos nós vestíamos personas, máscaras de personagens tais como ás do teatro de tragédias e comédias gregas, onde buscou inspiração para sua teoria. Ao afirmar que consciente ou inconscientemente representamos papéis sociais, que em realidade são como trajes, personagens que reproduzimos durante o cotidiano, a fim de sermos aceitos por um grupo, família ou sociedade que nos relacionamos. Não há nenhum problema com tais máscaras enquanto estamos conscientes delas, são até necessárias para um convivio mais harmonioso, o problema se inicia quando estas mascaras se colam e nos fixam, a um mesmo modo de pensar e agir de um personagem que em suma não somos nós mesmos. Tal como a idéia do ator, atuando em elenco e cenários diferentes, que continua a representar a si mesmo. Tudo muda, menos o ator, ao não se livrar dos cacuetes e trejeitos de seu antigo personagem, que reaparecem, perdendo a empatia do publico, o associando não ao novo, mas ao antigo personagem, como não sendo talentoso o suficiente para representar novos personagens, marcando-o como ator limitado e relegado a um único papel, muitos até se questionam se o ator e personagem, não seriam o mesmo na vida real. Aqui chegamos ao ponto que Jung nos alertava, sobre nos fixarmos a persona. Imaginemos a persona de um bom filho(a) ou Conjugue, definindo como “bom” uma pessoa “obediente” ou seja, que acata a vontade alheia com certa freqüência, a fim de sentir-se amado ou estimado pelos outros, ou mesmo em esconder a sua discordância ao saber que seria criticado. Digamos que esta pessoa não se sinta satisfeita, mas ao longo do tempo passa a fixar-se neste papel de “boa” pessoa, a fim de tornar-se aceita rapidamente (auto-estima baixa), ao invés de aprender a negociar cada situação em particular, que ocasionam certa tensão e conflito, preferindo evita-los a fim de não parecer Ser "bom". Não estou com isso incitando resolvermos qualquer conflito, nos rebelando ou dando vazão a todas as vontades e instintos, principalmente quando resultam em prejuízos ou danos. É importante estarmos alerta aos estereótipos que criamos e que outros criam a nosso respeito, favorecendo padrões de comportamento que se repetem, e ainda corrompendo com crenças e valores profundos que seguimos, em nome de ganhos secundários. Para cada persona que carregamos, em contrapartida criamos um lado oposto do que demonstramos Ser, chamado Sombra, não se tratando de ser bom ou ruim, mas algo natural, tal como a luz que só pode ser percebida porque existe o escuro, um não existe sem o outro. Para ilustrar melhor cito o conto do Médico e o Monstro, uma metáfora da condição humana ao tentar superar a dualidade, extirpando a maldade da bondade, que é exatamente o que o popular e bondoso Médico Dr. Jekyll, como é visto pela Sociedade tenta Ser, pertubando-o por sentir-se uma verdadeira farsa. Como o Alquimista em busca da pedra filosofal, da formula capaz de transmutar um minério sem valor em algo valioso, como Ouro, Dr. Jekyll cria a fórmula que o tornaria livre do mal, e ao engolir a poção transformar-se em Mr. Hyde ou o Monstro de pura maldade. Monstro este que causará a sua ruina por em vão ter desejado extirpar algo pertencente a Si-Mesmo e que agora se tornara inconsciente e fora de controle. A forma de nos libertarmos desta cadeia e ciclo que nos encontramos presos, é passando pelo Processo de Individuação (vide em Setembro 09, o post sobre este conceito), na medida em que vamos integrando e nos tornando consciente de nossas personas e sombras, quando paramos de lutar contra força opostas, mas aprendendo a utilizá-las a nosso favor. Dando vazão ao Self e tornando-se consciente de Si-Mesmo, das partes boas e ruins que todos carregamos e não mais rejeitando aqueles aspectos inerentemente humanos, que tal como Dr. Jekyll tentamos em vão extirpar de nós mesmos... Ao final seja você mesmo e assuma quem você é !!!

“Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão.” Confúcio

Namastê !

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