A Tempestuosa Busca do Ser


Todos buscamos o reconhecimento, glória e sucesso. Nos levantamos todos os dias perseguindo um sentido que justifique nossas ações, algo que possa nos proporcionar um propósito de vida. Passamos grande parte do tempo exercendo algum tipo de trabalho, atividade profissional e ou oficio. Muitos dentre nós busca algo que lhe proporcione como na Hierarquia de Necessidades de Maslow, certa Segurança. A Segurança é um fator primordial sem dúvida a ser conquistado e mantido, e o “labore” ou trabalho está intimamente relacionado, já que o Ideal de Homem Pós Moderno, está estruturado em um Ser que é capaz de produzir algum tipo de “bem”. Ao não produzirmos ou deixarmos de sê-lo, somos excluídos por toda uma cadeia de acontecimentos, que vão da simples rejeição há marginalização do individuo, que é visto como um não contribuinte, por nada produzir e por extensão nada consumir. Se não produzirmos ou consumirmos, simplesmente não existimos enquanto pessoas num padrão de Sociedade Hedonista, onde o prazer do consumo está intrinsecamente ligado a noção de felicidade. Onde só se é feliz ao Ser capaz de acumular bens e produtos de consumo que lhe conferem certo Status, diferenciando-o dos demais, conforme o seu poder de consumo aumenta. A ultima e recente Crise Econômica Mundial que passamos e ainda não saímos, é produto deste descontrole implícito na idéia de quanto mais consumo, mais felicidade, e quanto mais felicidade melhor, uma felicidade que não é sustentável e portanto mantida artificialmente, tal qual como a bolha da economia que explodiu. Na Grécia Antiga a busca de todo Cidadão da Pólis era pautada pelo desenvolvimento e expressão de virtudes e propósito. Era trabalho de todo cidadão participar da vida publica da cidade, defendendo os interesses da Republica e Democracia, onde se discutiam os assuntos do Estado, que eram públicos a todo cidadão livre, que deseja-se participar. Tal Sociedade, não mais existe nos padrões antigos da virtuose grega clássica, e ainda sim não era uma Sociedade perfeita. Já que somente os homens livres participavam ativamente da vida politica, cabendo aos escravos o trabalho pesado e sujo, rejeitado pelos cidadãos da pólis, por considerarem o trabalho manual e doméstico desprovido de virtudes, e portanto desonroso. Mas há algo que nos chama a atenção e que se repete, são poucos os Artesões que ainda hoje sobrevivem de seu oficio, substituído pelas cadeias de produção em massa, iniciadas na Revolução Industrial e incrementada nos modelos Tayloristas e Fordistas de produção, onde houve uma preocupação por métodos cientificos que aprimorassem o trabalho: o controle do tempo, a economia de movimentos, a esteira rolante, a divisão e especificação do trabalho em partes, evitando o desperdício da matéria prima e favorecendo a velocidade da produção. Não sou contra o consumo, desde é claro que este seja consciente e sustentável, já que também sou produto do meio, e até mesmo considero que é necessário para o desenvolvimento da Sociedade e do Individuo, que pode Sim !!! Encontrar um propósito no trabalho para a sua existência ! Tal como os Gregos na Antiguidade Clássica ainda mantemos uma diferenciação entre o “labor” como uma idéia de um trabalho penoso e a ser evitado, e o “poiesis” termo grego que designa obra e criação. Ou seja o trabalho foi alienado da seguinte forma, temos pessoas que fazem e pessoas que pensam, e para a Sociedade Pós Moderna e do Conhecimento, o trabalho melhor remunerado é o que envolve o pensar em detrimento do fazer. Tal alienação fez com que nos separássemos do trabalho produzido pelo “Mestre de Oficio ou Artesão”, cujo trabalho até antes da "Revolução Industrial” era valorizado por ser digamos um especialista em sua Arte, onde o mesmo possuia total controle sobre todo o processo de produção “o fazer” e de como fazer “o pensar e criar”. Vivemos sob o signo da liberdade de expressão e oportunidades, que o Capitalismo proclama aos quatro ventos. Com o ideal Iluminista da Revolução Francesa, muitas Nações adotaram o lema de princípios universais “Liberdade, Igualde e Fraternidade”. Mas eu me questiono até que ponto este lema é verdadeiro e realmente ocorre ? Justificamos que se alguém advindo da periferia e marginalidade Social prospera, foi porquê esta mesma Sociedade teve a capacidade de criar oportunidades iguais a todos os seus cidadãos, mas tal proposição não passa de uma falácia, pois que não existe oportunidades iguais, como não existem pessoas iguais. Cada individuo é único, e são muito os fatores que determinam o seu sucesso ou fracasso. Para começarmos temos de conceituar o que consideramos como sucesso, se sucesso por exemplo depender apenas do acumulo de recursos materiais, então sinto informá-lo, mas poucas pessoas no Planeta realmente atingiram o Sucesso ! Se pensarmos no fracasso como tentativas que ainda não deram certo, não poderemos verdadeiramente fracassar enquanto não desistirmos. Aqui adentramos no campo do sucesso, como sendo um fator preponderante de pessoas que possuem certas virtudes, como por exemplo “determinação e paciência”. Pessoas determinadas e pacientes seriam capazes de errar e ainda sim continuarem em frente com suas metas. No exemplo que citei do individuo que vive na periferia e marginalizado, suponhamos que o mesmo se enquadre nos casos clássicos de pessoas, que não tiveram uma família nuclear e estruturada, envolto por um ambiente hostil, lhe sendo vetado o acesso a uma boa educação formal, e que pode ao final ingressar em uma boa Universidade por exemplo. O fator de sucesso que ocasionou sua ascensão social não foi proporcionado por uma Sociedade igualitária em direitos e oportunidades. Mas as suas forças internas, suas virtudes e crenças, de que seria capaz de ingressar em uma Universidade e tornar-se Doutor. O ambiente e as características herdadas genéticamente segundo os estudos da Psicologia Positiva (Ramo da Psicologia que estuda os aspectos positivos do Ser Humano) representam apenas 50% de quem nós somos, nos oferecendo uma outra margem de 50% a ser trabalhada a partir de nossas decisões e escolhas pessoais. O Psicólogo e Humanista Abraham Harold Maslow, propunha que mais importante que atingir o topo da pirâmide, em que almejamos pela auto-realização e satisfação pessoal, poderiamos através das meta-necessidades que são os anseios espirituais que independem de uma religião institucionalizada e formalizada, e sim de uma experiência interna trancedente, a qual chamava de "culminate", encontrarmos um propósito maior para a nossa existência, nos dotando de realização e propósito, independente ao nível que nos situemos na pirâmide. Como o caso do povo Hindu pobres materialmente, mas ricos espiritualmente, o que não significa que não possamos almejar sermos bem sucedidos em ambos os aspectos. Para o Psicólogo Positivo Martin Seligman estudioso dos aspectos da Felicidade Humana, exercendo uma atividade prazerosa chegamos a vivenciar estados de flow, que significa fluir, momentos os quais nos sentimos extremamente compenetrados em uma tarefa ou atividade, que nem percebemos o tempo passar. No Título deste Post a “Tempestuosa Busca do Ser” considero o Trabalho como uma das formas possíveis do "Ser e Existir no Mundo", e tal busca é "Tempestuosa", porque muitos dentre nós vivem em um estado alienante e dissociado de seu “labore” principalmente quando buscamos um trabalho objetivando apenas os ganhos secundários de retorno material e financeiro. Nos esquecendo dos nossos anseios e valores pessoais, tornando-se uma tempestade furiosa, para quem tem de conviver com algo que não se gosta ou que se faz apenas por sobrevivência, e não por realização. E para finalizar gostaria de questioná-lo: Quais são os seus valores fundamentais ? Qual o seu propósito de vida ? O que realmente é mais importante e faz toda a diferença para você ?

“Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.” Confúcio
Fontes para consulta: http://livroseafins.com/2008/12/09/trabalho-nao-precisa-ser-um-castigo/ e http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow
Revista Ciência e Psique Especial: Psicologia Positiva

Namastê !

Comentários

  1. Excelente texto....vem de encontro com algumas das minhas aflições

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  2. Seja paciente... no momento certo o que procura será encontrado !!!

    Namastê !

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